[RP FECHADA]U Betta Work

Nova York nunca dorme. Isso não é novidade para ninguém, mas aquilo que não sabem sobre a capital do mundo é que uma vez a cada mil anos, quando os planetas se alinham perfeitamente durante uma segunda-feira chuvosa, os taxis somem das ruas e bagunçam a ordem natural das coisas, deixando alguns sem transporte, e a grande maioria sem disposição. Como resultado: BANJI praticamente vazio. Somente o restaurante estava em pleno funcionamento por causa de dois casais e um trio de amigas que haviam chegado cedo e agora esperavam pelo fim da chuva.
Já havia ligado para a equipe dos dois lounges do andar superior, que funcionariam hoje, avisando sobre a suspensão das atividades, e avisando de uma pequena mudança de planos para o evento da sexta-feira. Em pouco tempo poderia despachar também Jimmy, Kendall e o chefe Andrew, três personagens distintos aos quais eu estava ajudando no gerenciamento do Mother’s Hausz’.
Felizmente nunca tive a vaidade de ser um “chefe de escritório”, e muito menos de ser um indivíduo ocioso. Nunca tive vergonha de ir para trás de um balcão, conversar com meus contratados, com a clientela e, muito além disso, de poder ajudar aqueles que necessitam momentaneamente de empregos, abrigo ou simplesmente apoio... Os três que trabalhavam comigo esta noite eram exemplos disso. Andrew se formou em gastronomia na NYU, estava estagiando na cozinha de um desses restaurantes “très chic” de Manhattan, mas foi assediado moralmente por um sous chef por ser um homem transgênero... Kendall já sofreu agressões na casa de seus pais por ser bissexual e namorar outra jovem, e agora reside aqui no bar em uma das suítes. E Jimmy, bem, eu não soube da história inteira, mas quem veio falar comigo sobre a vaga de emprego dele... Digamos que não é uma história muito bonita, mas ele conseguiu se virar e agora mora em um apartamento alugado no Brooklin. Não me parecia exatamente um lugar bom para se instalar, mas ele deveria ter seus motivos para isso.
Pelo que eu conseguia ver das vidraças, não havia deus ou diabo que conseguisse parar aquele toró do lado de fora, e, sem um teleportador seria humanamente impossível chegar a qualquer lugar em N.Y. sem passar por um congestionamento monumental primeiro. Tinha, como obrigação, vital queconvidá-los para ficar, mesmo que tivesse que pegar um guarda-chuva e correr até a MUJI do outro lado da rua para comprar roupas para os mesmos. Na mesma descontração de sempre, fiz o convite.
—Jimmy e Andrew, huntys, se quiserem chegar em casa hoje é melhor ligarem para os taxis logo. Mas se quiserem dormir na casa da Mama Luuk aqui, não tem problema. Os quartos estão aí para isso.

— Nah... Eu tenho quartos e vocês precisam descansar. Acho q o errado seria prejudicar o bem estar de vocês por causa de um temporal. — Era divertido observar sua reação ao meu pedido, mas ao mesmo tempo preocupante. Poderia ser paranoia minha, mas essa certa relutância poderia significar algo errado na vida pessoal daquele loirinho, e como "mãe" de todos os funcionários do Banji eu deveria aconselhá-lo nesse momento. Mas, como já aconteceu outras vezes, poderia ser apenas criação da minha cabeça, timidez, ou uma muralha criada pelas suas experiências escondidas. De qualquer forma, meu desejo era apenas um: ganhar a confiança do meu mais novo "filho", e ajudá-lo a superar o passado! Ou talvez eu estivesse mesmo exagerando, e o corpo dele fosse incapaz de fazer suas necessidades fisiológicas mais íntimas em um ambiente estranho... Acontece... Acontece até nas familias mais tradicionais de Londres...

Divaguei por alguns segundos, atraído pela tatuagem discreta que fugia do tecido da sua camisa assim que ele levantava o braço. Ela tinha um traçado "novo", provavelmente feita por um tatuador de outro lugar, já que em toda NY não havia um só tatuador que não tivesse deixado sua marca própria em minha pele. Uma vez notada, seria uma obrigação minha elogiar.

— Courtney, amei a tatuagem, devia mostrar mais vezes. No sério, esse padrão não funciona com todos os caras, e em você ficou bem sexy. — Sorri, dando um tapinha no ombro dele, fazendo um último comentário antes de me retirar para o balcão e conferir as últimas entradas do caixa, para mandar os relatórios para o contador adicionar ao cálculo do imposto de renda desse ano.

— O Banji é minha família, então mesmo que a gente não tenha conversado muito desde que você chegou, pode contar comigo para o que precisar, até se precisar vender gelo para um esquimó. E se só precisar de um drink ou uma conselho, meu escritório fica no andar de cima, porta dourada. Sempre estou por lá no fim do expediente.