[RP FECHADA] The beasts

☠ Eu estava certo de que teria uma noite tranquila e caseira, algo que me era bem necessário. Sentado em frente à janela de meu quarto, observando o jardim e a garôa leve que caia, bebericava alguns goles de vinho enquanto apreciava a melodia harmoniosa de uma música clássica. Pois sim, aquela noite tinha tudo para ser calma, mas logo esse momento raro foi interrompido por uma ligação inesperada.

O celular vibrou sobre a cômoda ao meu lado, antes mesmo de olhar para a tela já pensei: "Quem morreu?"

Eu não costumava receber ligação aquela hora da noite e poderia deixar aquele telefone tocando até a pessoa do outro lado da linha se cansar, mas... Infelizmente sempre fui responsável com minhas obrigações e não poderia esquecer de quem era. Por isso atendi, mas não antes de olhar a tela e ver aquela que me ligava, era Alecto. O revirar dos olhos foi automático, soltei um bufar descontente e atendi, deixando escapar apenas um:
" - Hum?!"

A líder do Zodíaco foi bem direta avisando sobre uma reunião repentina e em grupo que aconteceria na manhã seguinte. Para não prolongar o assunto, fui curto mais uma vez ao dizer apenas um :
"- Tá..." bem desanimado. Felizmente a conversa foi breve, durou poucos segundos, e quando terminou eu pude aproveitar novamente meu momento de calmaria.


No horário e local marcado lá estava eu e todos membros do grupo. Para minha sorte e paciência Alecto não fez rodeios, expondo a razão para a reunião relâmpago. Tínhamos um problema no grupo, caçavam um dos nossos e isso não poderia ser tolerado. Por breves segundos minha mente se perdeu em questionamos, tentando entender principalmente o motivo. Pelo que foi explicado, os Carrascos haviam feito de alvo a nossa primeira casa. Remexi-me incomodado na cadeira, ainda calado como um cadáver. Olhei ao meu redor e percebi que ninguém aceitara aquela afronta com tranquilidade Não poderíamos permitir que algo assim passasse em branco. Encarei a Casa I, ele estava arredio, assustado, e nesse momento quase mostrei um largo sorriso, foi inevitável. Pensei que aquele menino era a pessoa que Scorpion treinava. Porém, mantive minha expressão mais séria. Decidimos o que fazer a partir dali.

Levamos certo tempo para levantar informações, principalmente sobre o paradeiro daqueles que estariam atrás de Peixes. Uma semana foi esse tempo, enquanto isso o bebezão parecia ser escoltado, mas principalmente pelo fato de que se o atacassem novamente, poderíamos capturar o carrasco e obrigá-lo a falar. Bem, com todas as informações adquiridas tivemos um destino: Londres.


A discrição do grupo ficou clara no nosso modo de nos vestir e no local que iriamos nos instalar. Era um hotelzinho de quinta, com aparência abandonada, um ótimo local para que passassemos despercebidos. De acordo com informações da XII casa, o dono daquele hotel seria de grande ajuda e se bem pago, um aliado muito confiável. Eu ainda tinha minhas desconfianças quanto a Alecto, por isso me mantive mais cauteloso, sempre sendo o ultimo naquela pequena marcha, isso me dava oportunidade para observar.

Alecto conversou com o homem e eu mantinha minha atenção entre a conversa e o local que parecia estar prestes a ruir.

"Será que saímos daqui antes do teto desabar sobre nossas cabeças?" - pensei, dispersando minha atenção por milésimos de segundos. Mas esse foi o tempo para que tudo acontecesse. Quando voltei a olhar para onde deveria estar o grupo, só restara Alecto, os outros dez já se dispersavam. A líder pegou a chave daquele que seria nosso quarto, deixando claro que não estava nada feliz.

- O que foi? Acha que você será uma companhia agradável? - disparei, mas ela saiu na frente e eu deixei que fosse.

Nos poucos minutos em que caminhava em direção ao quarto, pensei no quanto seria difícil ter que conviver com Scorpion 24 horas por dia, ela era uma das poucas pessoas que conseguia me fazer perder a cabeça . A inútil nem treinara Peixes para que se tornasse forte o suficiente para se defender, agora eu estava mudando todos meus planos e ainda teria que aturá-la em minha rotina. Eu não estava nada feliz com isso, mas pelo menos estava em Londres e não estava sozinho, só que ainda não estava satisfeito, a Casa I que deveria estar no quarto com nossa líder.

Já que naquele momento não havia escapatória, decidi que passaria a maior parte dos dias bem longe de Alecto e por isso, assim que cheguei ao quarto de hotel, tratei de desfazer as malas para me preparar para sair. Precisava de um banho, a viagem havia me desgastado.

Bem, eu já tinha meu plano traçado. Apesar do cansaço iria sair e aproveitar a noite fria que fazia do lado de fora. Precisava apenas daquele banho, mas quando ameacei seguir para o banheiro, vi a porta se fechando. Só poderia ser ela... Scorpion mais uma vez estava prestes a arruinar os planos de alguém. Decidido a não permitir que isso acontecesse, parti rumo à porta trancada e dei pancadas sonoras, pesadas.

- Sai daí e me deixa tomar banho. Se eu for esperar você se desmontar toda só poderei sair quando já estiver prestes a voltarmos para a America.

AÇÕES:

FICHA X:

☠
A demora de Alecto em responder me fez revirar os olhos e bufar de maneira impaciente. Eu estava prestes a bater novamente contra aquela porta e com mais força ainda, mas por fim a vi se abrindo. O rosto da morena apareceu por uma brecha e suas palavras soaram como um convite. Mostrei um sorriso incrédulo. Eu não conseguia acreditar que a zodíaco se oferecia para um banho. Eu não sabia o motivo daquela atitude tão desnecessária. Algum tipo de relacionamento emocional e até mesmo sexual entre mim e ela não era improvável, era impossível.

Estava prestes a respondê-la quando meus olhos se rebateram sobre  o reflexo de seu corpo nú contra o espelho. A visão conseguiu atrair minha atenção, mas não pelas curvas parcialmente expostas e sim pelas cicatrizes que marcavam aquele corpo. Finalmente havia encontrado algo em comum entre nós dois. Era fácil de imaginar que cada uma daquelas marcas eternas havia sido adquirida pelas suas batalhas, nisso nós éramos totalmente diferentes, só que aquela mulher me fazia recordar do passado.

Minha mente se desprendeu do tempo presente, trazendo lembranças. Apesar de tudo, consegui me manter firme e retomar minha atenção. Só que mais uma vez a porta estava fechada. Olhei para o ambiente ao meu redor, seria um martírio permanecer ali, por isso decidi aceitar o convite de Scorpion, mas não para dividir um banho com ela e sim para me limpar, afastar o cansaço e depois curtir ao máximo uma noitada em Londres.

Girei a maçaneta e para minha surpresa ela estava destrancada. Evitei pensar no que aquilo poderia significar, a minha ideia era bem clara: entrar, tomar um banho rápido e seguir meu rumo fora dali. Então entrei. Imediatamente meu olhar pairou sobre Alecto submersa até o pescoço na banheira. Ela estava de olhos fechados e eu nem sei se conseguiu perceber minha entrada, mas não pensei sobre isso. Preferi me focar no box que permanecia livre para ser usado. Para minha sorte eu não teria que dividir o banho com ela, apenas o banheiro.

De primeira arranquei  a jaqueta escura que me protegia do frio. Desabotoando uma camisa branca, segui na direção do enorme espelho preso contra a parede, logo acima da pia. Estava prestes a retirar aquela peça que cobria meu corpo quando lembrei que deixaria à mostra algumas cicatrizes que tinha nas costas. Parei imediatamente, mas uma curiosidade se abateu sobre mim e me virei para a zodíaco. Naquele momento eu não pensava em como ela me irritava, em como era a única pessoa viva que conseguia me tirar do sério. Naquele momento eu apenas perguntei:

- Qual foi a que mais te mais te fez sofrer?

Não esperava uma resposta dramática daquela mulher, até mesmo contava em receber um de seus coices. No entanto, eu estava curioso e por isso decidi arriscar um breve diálogo. Não sabia se ela compreenderia ao que eu havia me referido, mas me recostei sobre a pia, mantendo meus olhos fixos sobre a casa doze que parecia experimentar um momento de reflexão, algo muito raro de se ver.

AÇÕES:

FICHA X:

☠
A maneira como Alecto se comportava me fez adotar uma postura mais analítica, fazendo com que me recordasse que, apesar de tudo, eu ainda era um psiquiatra e tinha a tarefa de descobrir enigmas que perturbavam a mente das pessoas. Eu não iria puxar um banco e iniciar uma consulta naquele lugar, mas estava decidido a tentar decifrar o motivo da mudança brusca de minha companheira de grupo. Na maioria das vezes ela era uma pessoa detestável, que eu sentia vontade de estrangular, mas naquele momento mais parecia um poço de mistérios e eu, um especialista, estava disposto a decifrá-los.

Era perceptível que algo a incomodava e devia ser grave ao ponto de não fazê-la sair por aí quebrando tudo e todos. Alecto parecia ansiosa, ressentida, preocupada e frustrada. Eu poderia usar aquele momento para captar informações preciosas que no futuro me serviriam para desarmá-la, talvez realmente devesse fazer isso, mas estava sentindo uma estranha empatia por ela. Isso só fez com que permanecesse calado, observando. Enquanto esperava sua resposta, tive coragem para retirar a camisa que cobria minhas tatuagens e marcas de maus tratos. Como estava de frente para a morena, ela deveria ver as cicatrizes mais superficiais, e também uma... A pior entre todas as outras.

Os olhos de Alecto pareciam perdidos, insistindo em não encontrar os meus. Cogitei a hipótese de estar sendo ignorado, até ver a mulher mostrar alguma reação. Ela ergueu parcialmente seu corpo, cobrindo seus seios e me fazendo ter uma rara demonstração de cavalheirismo. Abaixei meus olhos para não invadir ainda mais sua privacidade. A realidade era que eu tinha certa fraqueza por mulheres que deixavam transparecer seus momentos mais íntimos. Não falo de uma mulher completamente despida, estando submersa em uma banheira; falo de uma mulher guerreira que naquele instante parecia estar passando por um momento de fragilidade. Eu estava tão acostumado com a Alecto destemida e inconsequente, que deparar-me com aquela à minha frente parecia estar conhecendo outra pessoa, e isso me deixava desconcertado, mudo.

Só voltei a encará-la novamente quando ouvi sua voz me respondendo. Meus olhos fixaram-se sobre sua cicatriz que ironicamente ficava em um local parecido ao da minha marca mais dolorosa. Acabei por relembrar novamente do passado, do dia em que Dustin fez questão de me marcar como gado e isso sob a ordem de Hommer, meu pai. Os dois queriam mostrar quem 'mandava' na família. Levei minha mão contra a cicatriz, relembrando também da fúria que senti naquele dia. O dia em que decidi que nunca iria permitir que tentassem me dominar.

Tais pensamentos me custaram generosos segundos. Eu observava aquela marca, ela era contraditória, pois ao mesmo tempo que me machucou profundamente em todos os sentidos, fez despertar em mim um sentimento de força jamais experimentado. E na época eu tinha treze anos, poderia ser considerado uma criança para muitos.

As lembranças se dispersaram quando ouvi Alecto fazer sua pergunta. Mostrei aquela marca circular que tinha um 'X' em seu interior e respondi:

- A marca da minha transformação. Obra de pessoas apenas odiosas.

Ela apoiou suas mãos na banheira após uma brisa gelada invadir o local. Presumi que se levantaria e nesse momento me virei na direção da porta. Já me sentia intruso demais. Os meus planos continuavam os mesmos, mas ao olhar para o relógio decidi que poderia esperar. Sem falar que eu preferia a líder esquentada, sua forma previsível de me afrontar, pelo menos eu sabia como reagir, o que esperar.

- Depois eu volto, quando puder tomar meu banho sozinho. - mal falei e já sai, indo diretamente para o sofá, jogando-me sobre ele e abrindo um jogo de colunas que tinha instalado no celular.

AÇÕES:

FICHA X:

☠
Nos breves segundos que esperava para começar um novo nível do jogo de colunas, levantei meus olhos na direção do banheiro, ainda intrigado por toda a atitude de Alecto e também pela minha, preciso confessar. Esses pensamentos me tiraram a concentração, precisei me remexer no sofá e por conta disso a partida foi perdida, me fazendo bufar de maneira inconformada. Nesse momento decidi deixar de me importar, não queria preocupações em uma noite que deveria ser tranqüila. E continuei a jogar... Até que a porta do banheiro se abriu. Ignorei, ou tentei pelo menos.

Tive que recomeçar o jogo do zero ao perceber Alecto finalmente sair do banheiro. Pensei em atormentá-la um pouco perguntando se tinha tomado seus antidepressivos, mas ela parecia... distante. E eu tentava ignorá-la, inutilmente.... Ainda tentava manter minha concentração no jogo, mas já a tinha perdido há muito tempo e sem perceber eu apenas focava na zodíaco. Ela estava sentada de frente à janela, fumando sem descanso. Suspirei de maneira ruidosa. Minhas sobrancelhas estavam franzidas, eu levantava um dos cantos dos lábios. Mas desisti de entender toda aquela loucura, estive prestes a voltar a me sentar. Até que meus olhos encontraram o olhar frio da casa doze por breves segundos. Uma palavra aleatória agarrou em minha garganta, eu nem sei o que iria falar, mas não tive chances. Ela saiu voando pelos céus, deixando-me com aquela cara de estúpido que não está entendendo porcaria nenhuma.

A morena sumiu de meus olhos. Dei um suspiro profundo, finalmente me levantando do sofá em um único movimento. Eu já estava zonzo com todo aquele dia, precisava de um banho e alguma bebida forte para relaxar. Peguei algumas roupas e voltei ao banheiro. Naquele momento precisava sair daquele quarto o mais rápido possível, pois tanta loucura me fazia temer que também perdesse a razão. Eu precisava sair para minha primeira noitada em Londres.

AÇÕES:

FICHA X:

☠
Deixei que a pressão das gotas mornas que caíam do chuveiro massageasse meus ombros. Aquela área estava dolorosa e tensa devido a todo cansaço e estresse passado nos últimos dias. A nuca parecia mais rígida. Eu estava exausto pela viagem, mas esse era o menor dos problemas.

Finalmente experimentava um momento precioso de tranquilidade, o silêncio naquele lugar me permitia pensar com mais clareza. Apoiei minhas mãos e cabeça contra a parede, olhando para baixo, para a água que corria para o ralo. Era assim que estavam as chances daquele grupo ir para frente com tantas divergências que havia entre nós. Sem falar em nossa situação atual, haviam tentado nos caçar. E o motivo? Se tivéssemos uma boa líder, ninguém ousaria isso. Por culpa de Alecto teríamos que resolver um problema que nunca poderia existir.

O que me incomodava na casa XII não era sua maneira de tentar resolver as coisas, era sempre ela achar que força bruta resolveria nossos problemas; sem falar que sua maneira imprudente de reagir nos colocava em risco. Estávamos sofrendo com isso. Não tínhamos métodos para proteger nossa hierarquia, aquele que deveria ser o mais fraco foi atacado e isso não deveria ter acontecido. Se acontecesse, ele deveria ter lidado bem com o problema e mandado as cabeças de seus caçadores para os mandantes. A culpa era somente dela por estarmos ali, agindo como babás de alguém que ela deveria ter treinado. E como se não bastasse, ela ainda me fazia lembrar Hommer e Dustin, os detestáveis pai e irmão que eu tinha, e que no passado só sabiam me criticar por ser o que sou e tentar me fazer agir da maneira que eles esperavam. Muitas vezes eles agiam na base da porrada para me obrigar a ser da maneira que idealizavam. Isso não funcionara, apesar de ter me marcado.

Com a ponta dos dedos toquei algumas das cicatrizes espalhadas pelo corpo, sentindo e recuperando cada resquício de segurança que fora abalado pelos últimos acontecimentos. Eu havia sobrevivido, havia triunfado, e novamente me deparava com alguém que agia como os 'homens' da minha família desestruturada, a única diferença era que a criatura usava saias.

Um bufar nervoso escapou, esmurrei com certa força a parede, mas reergui minha cabeça, respirando de maneira mais profunda. Eu precisava ser mais controlado e centrado, assim como Crowley me ensinara a ser.

A problemática Scorpion estava estranha naquele dia,mas logo voltaria ao seu estado rotineiro, irritando-me e me tirando do sério por conseguir mexer com minha única fraqueza: as lembranças do passado.

Dei por encerrado meu banho e momento de reflexão. Sequei meu corpo, vesti minhas roupas e sai do banheiro.

Depois disso segui em direção à minha mala, pegando-a e jogando sobre o ombro. Reclamei um pouco, ainda não sabia o que realmente estava fazendo, no entanto, prossegui. Naquele momento eu não sabia como agir, e era uma das piores sensações que podia ter. Um lampejo de uma coragem tola iluminou minha mente. Talvez se eu conseguisse resolver sozinho o nosso problema, calaria a boca da morena prepotente. Talvez...

Encaminhei-me até à saída, abrindo a porta. Meu destino ainda era incerto, eu relembrava das palavras de Crowley, ele dissera que o Zodiaco era diferente de qualquer equipe, mas ainda era um grupo, se eu fizesse o que pretendia fazer, seria mais um ‘desgarrado’.

Dei meus primeiros passos na direção do elevador. Não esperava que ninguém me impedisse. Ainda não tinha certeza sobre o que fazer, mas a balada havia ficado em segundo plano. Eu só queria sair dali. Eu sentia que todos me julgavam por minha personalidade, pela maneira ‘facil’ que conseguira o segundo maior posto naquela organização, e eles me julgavam até mesmo por meus poderes. Eles me consideravam fraco, talvez até inútil em batalha. Só que de uma coisa eu tinha absoluta certeza, eu não era aquilo. E talvez não houvesse a oportunidade para eles conhecerem essa realidade, eu só deveria decidir entre duas opções, capturar e matar alguns carrascos ou desistir dos Zodíacos.

Apertei o botão do elevador e esperei com mais e mais pensamentos borbulhando em minha mente.

AÇÕES:

FICHA X:

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Incerteza e insegurança eram dois sentimentos que eu gostaria de riscar de meu dicionário emocional. Eu lutava para sempre me manter convicto sobre qual decisão deveria tomar a seguir, gostava da idéia de sempre saber o que fazer, por isso situações com as quais eu não sabia lidar eram sempre desconfortáveis, deixando-me desconcertado e praticamente sem reação. Uma pessoa cheia de indecisões é uma pessoa medíocre. E naquele momento eu me sentia medíocre.

Estava em um país novo, deveria pensar em me divertir e aproveitar, ainda que a situação não fosse das melhores. Mas eu me preocupava. Preocupava-me com o rumo de tudo aquilo. Os Zodíacos sempre fora o meu objetivo, sempre trabalhei e ouvi os conselhos do velho Crowley para quando a hora chegasse, eu estivesse preparado. Eu senti que estava, mas ao ingressar no grupo deparei-me com um ambiente que nunca imaginara. Esperava um grupo independente, mas aquilo mais parecia o Quartel da General Gorgon.

Sempre lutei pela minha independência, decidi por trilhar meu próprio caminho e fazer minhas próprias escolhas, nunca fui aquele capaz de aceitar ordens, mas agora tudo estava diferente. Eu me sentia sufocado pela cobrança de Alecto, ela conseguia me tirar do sério e gostava disso. Eu poderia muito bem lidar com a situação, mandar todos pro inferno e seguir com minha vida de sempre, mas com meu ingresso aos Zodíacos veio também a responsabilidade de honrar a escolha de Crowley. Jonathan foi o único que confiou em mim e respeitou minhas opiniões quando ninguém o fazia. O professor foi a única pessoa a conquistar meu respeito mais sincero, aquele que eu ouvia com atenção e acatava as palavras após muito refletir.

Quando cogitei a possibilidade de sair do grupo, não pensei no quanto estaria manchando sua imagem. Eu não poderia decepcionar, não poderia bancar o menino mimado que foge da situação apenas por não saber lidar com ela. Eu não poderia permanecer inseguro e indeciso, eu precisava escolher ser novamente eu.

A porta do elevador se abriu diante de mim.

- Desce? - um senhor simpático perguntou. Balancei positivamente a cabeça, devolvendo um sorriso que ela me dera. Eu sabia ser simpático e agradável, mas apenas no momento certo e com as pessoas certas.

A porta do elevador se fechou, e eu ainda refletia, mas agora com uma única idéia em mente. Eu deveria caçar sozinho. Estava começando a traçar alguns planos quando me deparei com ninguém menos que Alecto. Ela falou algo sobre último andar e decidido a não perder meu tempo com ela, sai do elevador. Seus olhos demonstravam uma frieza irritante, algo que me fez evitá-la. Segui rumo a entrada,lembrando que eu carregava uma mala. Bufei inconformado, não iria sair com aquilo. Sendo assim me virei e segui novamente para o quarto.

Entrei. Mais centrado e tranquilo, senti falta de uma bebida para continuar a pensar com mais ‘clareza’. Não havia levado nada para Londres, por isso larguei minha mala de qualquer maneira e só gastei mais alguns segundos para recolher o dinheiro. Eu sairia sim para a farra, talvez a última, e afundaria todas as preocupações restantes em goles e mais goles de whisky, vodka e o que aparecesse.

AÇÕES:

FICHA X:

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Tirei a carteira da mala, conferindo o quanto de dinheiro tinha lá dentro, percebi que seria o suficiente para a noitada, aproveitando a mala aberta também retirei um maço de cigarros. Quando uma brisa gelada entrou pela janela, achei mais prudente pegar uma jaqueta pesada, o clima naquela noite parecia de inverno. Até então não tinha me dado conta do frio que fazia naquele lugar. Pode até parecer estranho, mas toda a loucura que acontecera desde o momento em que entramos naquele quarto me fez ignorar muitas coisas que havia ao meu redor, mas isso havia passado. Um profundo silêncio pairava ali dentro e eu mal via a hora de sair dali, já passava a me sentir melancólico demais, mas ao mesmo tempo ansioso. Permanecer na companhia de Alecto não me deixaria pensar direito.

Abotoei a jaqueta até o penúltimo botão, arrumei meu cabelo em um topete mais ajeitado e segui em direção à porta do banheiro. Bati duas vezes contra a porta e falei, emum tom irônico:

- Estou saindo. Tome seus antidepressivos. - e ri. Depois dessas palavras parti na direção da porta de saída, batendo-a com uma força não intencional. Estava livre, Scorpion me poupara de sua presença e de uma possível crise que poderia estragar o meu fim de noite. Eu estava preparado para curtir Londres até me cansar, só precisava sair daquele hotel.

AÇÕES:

FICHA X:

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Descia as escadas daquele hotel com certa velocidade. Poderia ter optado por usar o elevador, mas eu precisava me manter em movimento para aquecer o sangue e afastar o frio. Como tinha pressa em sair, logo estava no hall de entrada do hotel. Não haviam muitas pessoas por ali, o que era de se esperar tanto pelo local e também pelo horário. Certamente a maioria iria preferir hotéis mais luxuosos, aqueles que estão marcados como os melhores para se hospedar em Londres. E... Claro... Nenhum criminoso iria permitir qualquer um em seu hotel. Mas isso não me dizia respeito.

Olhei para o relógio que tinha no pulso e me senti ansioso, tinha tantas coisas para pensar e decidir. A saída não era apenas para se divertir e arrumar confusão, na verdade eu não queria confusão. A saída era para pensar claramente. Dei de ombros e como estava na porta de entrada, bastaram poucos passos para sair do hotel.

Já do lado de fora, deparei-me com ruas praticamente vazias, o frio e o horário pareciam afastar a maioria, mas algum lugar deveria estar aberto e eu o encontraria.

Acendi um cigarro enquanto permanecia parado na calçada, olhei para o céu cinzento e coberto por nuvens espessas, o tempo que fazia poderia desmotivar qualquer um, mas não a mim. Cruzei a rua dando passos largos, chegando ao outro lado e começando a pensar no que poderia fazer, talvez um pub fosse a melhor ideia, ou até mesmo uma boate perdida. Senti a falta de alguns panfletos que poderiam me indicar o que procurar, mas como não tinha nada além da coragem, decidi me virar sozinho.

Apesar de vazia, por algumas vezes passava algum táxi. Fiz sinal para um deles e nesse momento sabia o que fazer, pediria um conselho ao motorista e deixaria que me levasse para o melhor local onde a diversão noturna acontecia. Entrei no veículo e iniciei uma conversa, pouco tempo depois o senhor já estava me levando para o 'melhor lugar da cidade'. Confiei nele e a partir de então tudo precisaria melhorar, meu humor, minhas ideias, minha madrugada.

AÇÕES:

FICHA X: